Dar mesada é uma excelente ferramenta de educação financeira para ensinar sobre dinheiro aos filhos e desenvolver bons hábitos financeiros.
Segundo pesquisa do SPC Brasil, apenas 26% das mães dão mesada aos filhos, e a maior parte comete erros na forma de dar e controlar o dinheiro dos filhos.
Mais cedo ou mais tarde eles terão que lidar sozinhos com dinheiro, então introduzir a mesada educativa é uma oportunidade de ensiná-los a poupar, controlar gastos, planejar compras e de forma geral lidar com dinheiro de forma consciente.
O papel dos pais é muito importante no acompanhamento e orientação.
Por isso, esse artigo vai te explicar tudo que você precisa fazer para dar a tal mesada educativa de forma efetiva e preparar seu filho para lidar com dinheiro na vida adulta.
Tópicos:
- O que é mesada e para que serve?
- Para o que pode ser usado o dinheiro?
- Devo associar a mesada às tarefas da casa ou rendimento escolar?
- A partir de que idade devo dar mesada?
- Com que frequência devo dar mesada para meus filhos?
- Qual o valor da mesada para os filhos?
- Como começar?
- BÔNUS: 11 erros que pais cometem ao dar mesada para os filhos
O que é mesada e para que serve?
Para começar vamos entender o que significa mesada.
Mesada é um valor em dinheiro que os pais dão aos filhos periodicamente, para que a criança possa gastar de forma autônoma. Apesar do nome, não precisa ser mensal, pode por exemplo, ser “semanada” ou “quinzenada”.
A mesada serve para que a criança aprenda a administrar o dinheiro. Isso significa, que o objetivo principal da mesada deve ser a criança conseguir planejar seus gastos e fazer o dinheiro durar até final do período combinado.
Por meio da mesada, a criança tem a oportunidade de simular a vida adulta e se deparar com desafios comuns, como descobrir que alguns produtos são mais caros que outros, por exemplo.
Para o que pode ser usado o dinheiro?
É importante que o dinheiro da mesada estimule a criança a ter independência e tomar decisões. Por outro lado, é responsabilidade dos pais garantir o essencial, como alimentação, roupas, transporte, etc
É por meio da mesada que a criança vai aprender a lidar com a frustração de ficar sem dinheiro, de querer algo e não ter o dinheiro para comprar, aprender a guardar e esperar.
Por isso, o essencial não pode faltar! A mesada é para ensinar, não para punir ou colocar a criança em risco.
Da mesma forma, não deve substituir os presentes que já seriam dados em datas comemorativas.
O dinheiro deve ser usado para satisfazer desejos de consumo dos filhos, por exemplo no começo pode ser para comprar uma bola que a criança queira e na adolescência uma roupa “da moda”.
É importante que a criança tenha clareza do que será coberto com o dinheiro da mesada e o que será fornecido pelos pais.
Devo associar a mesada às tarefas da casa ou rendimento escolar?
É unânime a opinião de especialistas a esse respeito: obrigações são obrigações.
A mesada não deve ser associada a obrigações da criança, como tirar boas notas ou forrar a cama, pois isso incentiva atitudes voltadas exclusivamente a recompensa financeira. A criança deve entender suas responsabilidades para além do dinheiro.
Há quem pense que tornar a mesada totalmente desassociada de um “merecimento” faz com o que o dinheiro da mesada parece que vem “fácil” e sem esforço.
Mas, lembre-se: o objetivo da mesada é permitir que a criança aprenda a administrar o dinheiro, fazendo-o durar e guardando para realizar algo, torná-lo variável dificulta esse aprendizado.
Além disso, o dinheiro não deve substituir a responsabilidade dos pais de educar os filhos a cumprirem suas obrigações. Esse cálculo, a longo prazo, sai caro.
Se o seu objetivo é estimular uma atitude empreendedora na criança, você pode recompensá-la ao fazer atividades além das suas obrigações básicas, como ajudar a lavar o carro da mamãe.
Neste caso, é importante que você deixe claro que o dinheiro extra não é complemento da mesada.
A partir de que idade devo dar mesada para os filhos?
Antes de começar esse tópico, repita comigo: cada criança é única e se desenvolve em um tempo específico, por isso não existe regra!
As crianças começam a entender que dinheiro existe por volta dos 3 anos, que o dinheiro não cresce em árvore e é finito só depois dos 5.
Até os 6 anos de idade, a criança ainda está se familiarizando com o dinheiro e não vai conseguir planejar o uso dele, nem diferenciar o que é caro ou barato.
Então, antes da mesada, você pode dar eventualmente uma quantia para a criança guardar ou comprar um doce de forma assistida, para ela ir se familiarizando com a relação de troca financeira.
Só depois dos 6 anos é indicado introduzir aos poucos a mesada, para que a criança comece a entender que “o dinheiro acaba”.
Segundo a pesquisa do SPC Brasil, em média os filhos começam a receber mesada a partir dos 9 anos.
Dica:
Você ainda pode esperar que a criança peça a mesada por atitude própria, vendo em um filme ou quando os coleguinhas passam a ganhar também.
Outra forma é aguardar o momento que a criança começa a demonstrar os seus desejos e precisa entender prioridades e o valor do dinheiro.
Ou seja, não existe idade ideal. O importante é compreender a individualidade da criança, mesmo quando você tem mais de um filho.
O valor e periodicidade da mesada podem ir acompanhando o crescimento da criança.
Com que frequência devo dar mesada para meus filhos?
É importante que a mesada aconteça em uma data específica e combinada, por exemplo no começo de cada semana. A previsibilidade permite que a criança tenha a experiência de administrar o dinheiro e consiga exercitar o planejamento.
Os pais não devem antecipar ou complementar a mesada.
A partir dos 6 ou 7 anos: semanada
Introduza a mesada de forma semanal, a semanada.
Comece aos poucos para que a criança consiga compreender o horizonte de tempo. Nessa idade, a criança ainda não consegue lidar com a ideia de um futuro distante.
Dos 8 aos 11 anos: quinzenada
Já é possível estender o período para quinzenal, ou seja, a cada 15 dias. A criança já é madura o suficiente para compreender o calendário.
A partir dos 12 anos: mesada
O ciclo pode ser mensal para simular a vida adulta, para que a criança aprenda a administrar o dinheiro em uma janela de tempo similar ao dos pais.
Seja um consultor para o seu filho, acompanhe os gastos e o ajude a planejar. Ao mesmo tempo, você deve dar autonomia para que a criança tome as próprias decisões.
Converse sobre dinheiro e deixe a criança aprender pela prática, inclusive com a frustração.
Qual o valor da mesada para os filhos?
O valor da mesada é relativo, e três coisas devem ser levadas em consideração:
Orçamento familiar
O valor da mesada deve ser compatível com o orçamento familiar. Crianças aprendem por observação, seja consciente sobre as contas da casa para dar o bom exemplo.
Pergunta-chave: Até quanto eu posso dar?
Necessidades de consumo
É importante que o dinheiro seja compatível com as necessidades da criança e que o valor seja equivalente aos hábitos de consumo da família.
Crianças que estudam em escolas onde os coleguinhas tem um poder de consumo maior ou em bairros onde o lazer é mais caro, vão por consequência demandar uma mesada maior.
Pergunta-chave: Quanto a criança precisa?
Idade da criança
Comece com um valor menor! A criança precisa entender o valor do dinheiro, então é importante que a mesada não “sobre”, também que não seja pouco a ponto de tornar muito difícil, mesmo juntando, realizar os desejos da criança.
Com o passar do tempo, os desejos a serem realizados pela criança também vão variar, aumentando de tamanho.
Enquanto uma criança de 8 anos pode ficar 3 meses (6 mesadas quinzenais) juntando para comprar uma boneca; um adolescente pode juntar 6 meses (6 mesadas mensais) para comprar um celular.
Pergunta-chave: Meu filho já sabe administrar o dinheiro? (sabe guardar? sabe priorizar? sabe o valor do dinheiro?)
Contudo, lembre-se que seu papel é de orientação e você não deve obrigar a criança a poupar.
Evite qualquer forma de dinheiro extra ou compensar comprando coisas que a criança deseja, para que as atitudes de “poupar” e “esperar” venham de forma natural pela necessidade de realizar algo.
Como começar?
Passo 1: planejamento
O primeiro passo é você se planejar antes de falar com a criança. Trate nesse momento a mesada como uma hipótese.
- Qual será o valor da mesada?
- Com que frequência?
- O que entra na mesada e o que não entra?
- Importante: o que você não vai dar mais, pois deve vir da mesada?
Se os colegas da criança já recebem mesada, você pode querer conversar com os outros pais e mães para entender como eles estão fazendo.
O ideal é que a criança ganhe na média do que os colegas estão ganhando (desde que faça sentido).
Planeje um período de transição, por exemplo, se até então os pais pagavam tudo para a criança, talvez possa começar retirando apenas algumas coisas e ir dando mais responsabilidades para criança com o tempo.
Passo 2: combinados
Tendo clareza do que você vai oferecer, agora converse sobre dinheiro com a criança.
Dinheiro é responsabilidade! Isso deve ficar claro.
Estabeleça os combinados e construa um plano inicial juntos. Qual porcentagem será guardada? Onde o dinheiro será gasto?
Mesmo que a criança já seja grandinha, comece com mesadas semanais (semanadas).
Passo 3: acompanhamento
Acompanhe os planos da criança, dê conselhos e também deixe ela errar. Você deve esperar que a criança tenha alguma experiência frustrante nessa jornada (tá tudo bem), e que com isso descubra o poder de esperar e de poupar para conquistar algo.
Combine com toda a família – principalmente os avós -, sobre não complementarem o dinheiro dado ou realizarem os desejos da criança.
Seja receptivo a negociação. A habilidade de negociar também é importante. Você não deve ceder, mas dê oportunidade para criança exercitar a negociação.
Revisite os combinados pelo menos a cada 6 meses.
11 erros que pais cometem ao dar mesada para os filhos:
- Mesada sem propósito: você deve deixar claro o objetivo da mesada, para o que ela deve servir e o que você espera que seu filho faça. Assim como quando definir o valor a ser poupado, deve haver um motivo – quanto e para o que.
- Não encorajar bons hábitos financeiros: a mesada é uma das mais importantes ferramentas de educação financeira, você deve usar essa oportunidade para ensinar o consumo consciente, o valor do dinheiro, o conceito de esperar e poupar.
- Se preocupar demais com o valor da mesada e não com os aprendizados: definir bem o valor da mesada é importante, nem de mais para incentivar a criança a poupar, nem de menos para ser desestimulante. Mais importante do que a cifra é o que a criança precisa aprender com isso.
- Dar mesada para pagar o essencial, como o lanche da escola: isso é responsabilidade dos pais e não devem entrar no risco do processo de aprendizado da criança.
- Não deixar os filhos cometerem erros durante o aprendizado: autonomia é essencial para o aprendizado.
- Complementar a mesada quando acaba o dinheiro: o objetivo da mesada é ensinar a criança a administrar e fazer o dinheiro durar todo o período, faz parte do processo faltar dinheiro.
- O restante da família, como tios e avós, não seguir as regras da mesada: esse erro pode pôr tudo abaixo, combine com os familiares e seja rígido.
- Dar presentes, além da mesada: a criança deve aprender a economizar para comprar o que deseja, se ela ganha tudo que deseja não há estímulo.
- Associar a mesada às obrigações da criança, como tirar boas notas na escola: realizar as obrigações não deve ter incentivo ou punição, a mesada é uma ferramenta em si.
- Não ser consistente sobre as datas, valores e combinados: previsibilidade é essencial para aprender a administrar o dinheiro.
E o mais importante:
- Ser um mal exemplo: crianças aprendem pela observação, você precisa estar comprometido também com bons hábitos financeiros para ensinar seus filhos.
Se usada da forma correta, a mesada pode ser uma grande aliada no desenvolvimento da criança de uma forma ampla, como autonomia e boa gestão, e ainda aumentar a probabilidade de ter bons hábitos financeiros durante a vida adulta.
Comece cedo a falar sobre dinheiro com seus filhos. Esse assunto ainda é tabu no Brasil e quanto mais jovem aprendemos a valorizar nosso dinheiro, mais habilidoso seremos.
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Até a próxima.
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